Beijas-me
como o escultor
Que molda e dá forma
À
argila branda e molhada.
Terra
me sinto e respiro
Pelos
poros mais ocultos
Que
a noite oferece e nos envolve.
Não
é macia esta penetração azul
De
gandulos rumores longamente à espera.
Soltam-se
silvos de vento e murmúrios
Profundos
nesta escultura
Que
tem voz. E desejo. E cheiro a terra.
Porque
há beijos mais profundos do que as águas.
(Lília Tavares)
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