quarta-feira, 25 de abril de 2012

In Libris



Beijas-me como o escultor
Que molda e dá forma
À argila branda e molhada.
Terra me sinto e respiro
Pelos poros mais ocultos
Que a noite oferece e nos envolve.
Não é macia esta penetração azul
De gandulos rumores longamente à espera.
Soltam-se silvos de vento e murmúrios
Profundos nesta escultura
Que tem voz. E desejo. E cheiro a terra.
Porque há beijos mais profundos do que as águas.

(Lília Tavares)

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